quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Senso crítico

Há duas semanas o professor de Jornalismo Opinativo, Ruben Dargã Holdorf, pediu para que os alunos da minha turma fizessem uma atividade diferente que permitisse desenvolver nosso senso crítico.

O professor elaborou um texto como se fosse um aluno de Jornalismo de uma universidade secular que indaga a qualidade do ensino do Unasp - um centro universitário confessional ligado à Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Redigi minha resposta ao "estudante supercrítico" e gostei. E também vi que o texto dá um bom panorama sobre como funciona o curso de Jornalismo do Unasp. 
Por isso resolvi postar. Espero que gostem.
=]




Olá, querido estudante de jornalismo

Vou chamá-lo assim, de “estudante” apenas, já que você nem sequer assinou sua carta. Também sou adventista e, além disso, fiz o 1º e 2º ano de Jornalismo em uma universidade secular. Por isso, posso dizer com propriedade sobre as nítidas diferenças entre estudar em uma faculdade secular e em uma confessional. Mas não é isso que quero esclarecer. Você falou que não encontrou referência alguma sobre o Unasp no Guia do Estudante ou na Revista Imprensa. Mas você tentou os dados do ENADE, o exame que mede o rendimento dos alunos dos cursos de graduação “em relação aos conteúdos programáticos, suas habilidades e competências”? Segundo essa ferramenta do MEC, o curso de jornalismo do Unasp conquistou conceito 4 nas últimas duas provas, sendo 1 a “nota” mais baixa e 5 o melhor resultado possível. As avaliações são feitas a cada três anos. As últimas provas (realizadas em 2003 e 2006) tiveram seus resultados divulgados, respectivamente, em 2004 e 2007.


Você também mencionou o número deficitário de alunos matriculados no curso do Unasp. Prezado estudante, desde quando quantidade é sinônimo de qualidade? Se assim fosse, a superlotação nas penitenciárias brasileiras indicaria, automaticamente, qualidade no serviço carcerário. Mas, se você realmente “lê muito sobre tudo”, já sabe que essa não é uma realidade no nosso país. Minha turma, a única do 3º ano de Jornalismo, não tem mais que 15 alunos. A qualidade do material produzido pelos alunos e o rendimento dos professores ao aplicar seus conteúdos em sala são impecáveis. Temos atenção quase que exclusiva dos nossos mestres. Se minha sala contasse com 100 alunos, como suponho que a sua turma da universidade secular possui, muito provavelmente meus professores nem saberiam o meu nome.

Além disso, não interessa se nossa rádio aqui possui concessão ou não, se temos um jornal impresso com tiragem de 5 mil/mensais ou não, se o Canal da Imprensa parece morto ou não; o que importa pra nós são as oportunidades e o conhecimento aprofundado, prático e teórico, que recebemos aqui. Mesmo sem a infra-estrutura da sua "universidade secular" (como você mesmo denominou), conseguimos ir pras ruas praticar aquilo que nos foi ensinado em sala e alcançar conceito de ensino A no MEC. A Unasp FM oportuniza prática sim. Dezesseis alunos, de todos os anos do curso, se revezam para manter o veículo funcionando durante os três turnos do dia. O Canal da Imprensa, por sua vez, conta hoje com uma equipe de 10 alunos trabalhando todos os dias (muitos inclusive aos domingos e feriados), sem mencionar os repórteres/alunos voluntários e os professores que coordenam o trabalho.

Acho que lhe falta conhecimento. “Os únicos lugares recomendados aos formandos do Unasp para o trabalho são a Novo Tempo e a Casa Publicadora Brasileira”? Você fala sério? Que eu saiba, nós temos livre-arbítrio para aceitarmos, ou não, trabalhar no lugar X ou Y. Se eu gosto da ideia de trabalhar em órgãos da igreja, porque não? E mais. Se eu não quiser trabalhar em nenhum setor da “obra”, o curso de jornalismo do Unasp me capacita para TODO o mercado de trabalho - da igreja aos grandes veículos de comunicação como Folha de S. Paulo
, por exemplo. Porém, a garantia de sucesso não está na universidade, está no estudante, querido. É ele quem decide se vai vencer na vida ou não, dedicado colega. Cresci ouvindo minha mãe dizer que o aluno é resultado de uma soma de valores. Metade desses valores são construídos na escola e na faculdade, onde ele estuda e busca formação profissional. Os outros 50% correspondem ao fruto da educação que o indivíduo recebeu em casa. Ou seja, não me adianta receber o melhor ensino formal e ser uma pessoa de caráter duvidoso. Não somos seres com poder de se dividir em dois e ter um tipo de caráter pra cada corpo. O lugar aonde me formo ajuda a construir apenas 50% do todo que sou. Se me faltar o restante, de nada adianta. Então, cuidado com essa ideia de que “prefiro me garantir numa universidade de nome”. Nome, hoje em dia, não garante mais ninguém, meu caro. Um profissional formado na USP, Cásper ou PUC que não têm escrúpulos é inútil para o mercado.

E, pra finalizar, creio que, além de todas as informações equivocadas contidas no seu texto, falta-lhe conhecimento sobre o Deus da religião da qual você diz fazer parte. Se você cresse realmente nEle, saberia que Ele jamais abandona Seus filhos, portanto, estudando no Unasp ou na Conchinchina, posso ter sucesso garantido. Muitos que estudam aqui o devem fazer realmente como fuga ou comodismo, mas muitos outros, inclusive eu, vieram para cá, entre outros motivos, não por fuga, mas em busca de um relacionamento verdadeiro e profundo com Deus, coisa que você deveria procurar fazer.