sábado, 9 de outubro de 2010

Crescer e aparecer

Mil e cem quilômetros me separam de casa, 13 horas de viagem, mais que a metade de um dia todo. Nem sempre foi assim... Há quatro anos eram apenas cerca de 130. Mas hoje, bem longe de casa, tenho aprendido que a vida não espera você se tornar adulto pra te ensinar a agir como um.

É que quando se está longe numa situação como a minha, teoricamente não há ninguém por você por perto. Literalmente. Não é que você não tenha amigos ou esteja isolado da sociedade. É que agora quem faz sua vida é você. É você quem terá que cuidar de crescer, para aparecer.

Quando moramos com os pais, a mãe prepara o café todos os dias, faz o almoço e pergunta o que você quer comer na janta. O pai, por sua vez, te dá uns troquinhos de vez em quando, depois de você muito insistir que precisa de, pelo menos, 5 reais pra poder tomar sorvete com os amigos.

Óbvio que essa esta seja uma situação hipotética em sua história de vida. Talvez você nunca tenha tido a felicidade de ter que esperar a semana que vêm chegar pra poder usar aquela blusa branca que tanto gosta. Afinal, sua mãe lavou ontem todas as roupas claras que estavam sujas e só na próxima semana lavará peças com esse tom novamente.

O mais incrível(?) é que quando a adolescência chega e, mais tarde, quando a vida universitária se torna realidade pra gente, a coisa com que a maioria de nós passa a sonhar é sair de casa! É morar sozinho, ter um cantinho só pra gente, ser INDEPENDENTE.

Mas, ah... Mal sabemos nós o que nos espera! Se todo jovem sonhador soubesse como dói ficar longe daqueles que amamos. E não me refiro a paixonites, não. Essas coisas, pequenas, passam. Falo de amor de verdade, amor de pai e mãe, de saudade da sua terra, dos amigos, daqueles que sempre estiveram com você, que te viram crescer, te ajudaram quando você mais precisou.

Estar longe dessas pessoas, que te amam independentemente do seu sucesso ou fracasso, do seu entusiasmo ou fraqueza, que te amam independentemente da distância; é muito mais difícil do que ter que passar toda uma adolescência morando com os pais.

Ah, se eu pudesse... Se eu pudesse encucar a realidade na mente (já sendo redundante), muitas vezes oca, desses seres que insistem em sair de casa cedo demais! Imputar nessas cabecinhas que essa vida não é tão simples assim...

Tá. Devo deixar claro que aqui que não sou contra a independência financeira ou que não se deve sair de casa nunca, nem depois de adulto. Não é isso. Até porque minha própria atual situação estaria indo contra essas ideias... Só acho que a vida é curta demais pra querermos nos livrar tão cedo das pessoas que mais amamos. Ou que pelo menos deveríamos amar...

Mas se seus sonhos pro futuro incluem sucesso profissional, saiba que será necessário se desafiar e sair da barra da saia da mãe. E, portanto, você provavelmente terá a crise pela qual passo agora. Tem gente que diz que é a crise dos 25, que é quando você se vê formado tendo que decidir se casa ou se muda de cidade por causa de uma proposta de emprego. Devo ser precoce, a crise bateu na minha porta aos 21. Não que eu esteja pra casar, mas diria que os desafios que estão à minha frente são um pouco mais assustadores. Minha opinião, né?