sábado, 13 de junho de 2009

Quando lembro

Quando lembro minha infância, confesso que uma tristeza misturada a uma leve alegria invade meu coração... Vejo fotos e, quando menos espero, lágrimas enchem meus olhos. Desejo voltar no tempo. Não voltar pra ficar. Só voltar.

Quando paro e olho meus amigos, crescidos como eu, me sinto injustiçada pela vida. Porque o tempo passa tão depressa?

Lembro e me sinto velha. Antes de ontem eu estudava pra prova de recuperação de matemática. E ontem mesmo! Que coisa! Começava na faculdade. Injustiçada pela vida. Até alguns dias a gente corria pelo pátio da escola! Hoje você tem um bebê nos braços. Algo de errado acontece comigo?

Conversar por horas com os amigos ou não fazer nada na companhia deles. Rir das piadas mais idiotas ou simplesmente chorar por que um dos nossos partiu. Pra sempre ou pra longe...
Juntar moedas pra comprar doces na esquina, preparar um almoço pra turma toda. Tocar violão numa roda onde todos parecem se gostar, onde as diferenças são pontes para o crescimento e o amor. Era a vida passando diante de mim e eu nem percebi.

Eu continuo vendo a vida escapando das minhas mãos, não por eu estar inerte e não vive-la. Eu a vejo passando porque ela simplesmente é um ciclo, não para. E esse ciclo me consome. NOS consome. Afinal, o tempo não passa só pra mim. Sei até que pra mim passou pouco. Dizem que eu tenho muito, muito que viver ainda...

Mas a gente tenta sufocar esse ciclo. E, pra fazer isso, tenho certeza que a máquina mais vendida do mundo seria uma que nos permitisse voltar no tempo. Mas não qualquer “máquina do tempo”. Eu queria uma que me permitisse ver meu passado se desenvolver diante dos meus olhos. Redundante, mas é isso: eu queria me assistir. Me ver agir, me ver viver. Pela primeira vez eu estaria sendo passiva diante da vida. Você já conheceu alguém que não quisesse, mesmo que uma vez ou por segundos, caminhar em direção ao passado para reviver algo que lhe marcou?

Eu seria a primeira a comprar essa máquina.