
O fato é que pessoas apaixonadas me irritam, principalmente aquelas que sofrem de amor-sem-resposta, um tipo de epidemia pós-moderna que afeta, especialmente, meninas que insistem em acreditar em príncipe encantado. NÃO. Não estou falando daquele tipo famoso: alto, viril, ricaço e montado num cavalo branco. Isso é passado! Também não vou cair no clichê de dizer que hoje, na verdade, o príncipe - também ricaço - vem é dentro de uma Ferrari... Seria pouco original da minha parte.
A questão é que, quando falo do quanto me irrito com pessoas que sofrem de amor não-correspondido, é porque vejo nessas pessoas uma vontade enorme de permanecer no sofrimento. É como se o indivíduo quisesse curtir aquela fossa até a última instância, lembrar e relembrar momentos pequenos, mas que ganham uma enorme proporção quando se está apaixonado.
E sabe o que é MAIS enjoativo? É quando acabamos como vela. Pelamor! Ô situaçãozinha inútil! Você ali, olhando pros lados, pro céu, pro chão, pra qualquer lugar em busca de algo MENOS constrangedor que um casal se abraçando e se beijando na sua frente. É como se você fosse a parede que os esconde do restante do mundo. Sendo assim, o casal pode ficar à vontade, trocar intimidades e apelidos toscos sem constrangimento, né? Afinal, o AMIGÃO-VELA tá ali pra segurar as pontas! ¬¬
Ah, mas, até aí, tudo bem! Casais legais merecem ser felizes. Só continuo sem entender o lance do sofrimento em caso de amor não correspondido. Que graça tem em viver sofrendo? Sai dessa!
Tá, não precisa me amaldiçoar. Sei que na teoria tudo é bem mais fácil e que, quando estamos vivendo a coisa, o problema parece maior. Talvez essa minha ideia de que é fácil sair da deprê tenha vindo, de presente, junto com as centenas de pé-na-bunda que levei. Aprendi a me recuperar com certa facilidade e as feridas, em cada vez menos tempo, acabam se cicatrizando. E quer saber? É melhor assim! Antes cheia de cicatrizes, do que morrendo com a dor de feridas abertas, que ainda sangram.
Mas, não posso mentir. Ao pensar nisso tudo inevitavelmente um detalhe, importante, vem à minha mente: os melhores textos que escrevi, os mais intensos, inspirados e profundos, foram escritos no alto de uma paixão. Dor e paixão que eu achava que nunca acabariam.