sábado, 27 de novembro de 2010

O poeta

O poeta vive de sonhos, de pensamentos.
Suas imaginação vive criando
sonhando a cada dia
a cada momento.

Magia, encantamento, sonho, pensamento.
Como poeta,
construo um mundo
faço a alegria
encanto com os versos
versos que falam da vida.

O poeta fala de amor
canta, sorri, sente dor.
O poeta usa as palavras
as usa pra dizer
dizer o que sente
o que quer
sempre
até morrer.

--
P.S: Texto escrito, originalmente, no dia 02 de abril de 2004.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Quero escrever

Sabe quando você lê algo que explicita EXATAMENTE o que você pensa ou sente sobre determinado assunto? Pois é. Acho que eu não conseguiria ter definido melhor o que significa, pra mim, escrever. O Bernardo conseguiu:

"Quero escrever…

Pra uma boa história contar
Fazer pensar, sentir, chorar
Se me permitir, até te moldar
Com as simples ou profundas frases que eu jogar

Quero escrever

O mundo, o escondido o impensado
Aquilo que tem mais atordoado
E ainda assim, rejeitado
Valores quase todos apagados

Quero escrever

Por mais que esse não seja meu ofício
E que por sinal, muito difícil
Mesmo não sabendo o que mais posso rimar com “ício”
Que este seja meu novo vício

Quero escrever

No momento em que sentir aquele aperto,
Quem sabe em forma de alento
Ser eu, você e o momento
Eternizar meus sentimentos

Quero escrever

Vislumbres de um bom futuro
Quem sabe falar de um amor maduro
Daquele que destrói pontes e muros
Eu vou tentar, eu juro

Quero escrever

Ser voz, gritar
Meu peito abrir, te fazer pensar
Deixar de ser apenas mais um grão de um mar
Gravar palavras que perdurem mesmo depois que eu passar.
E que cheguem onde eu menos consigo imaginar
No seu coração, na sua alma, no seu ser

Quero escrever."

--
*Texto publicado originalmente no ótimo blog do publicitário e fotógrafo Bernardo Coelho.

sábado, 9 de outubro de 2010

Crescer e aparecer

Mil e cem quilômetros me separam de casa, 13 horas de viagem, mais que a metade de um dia todo. Nem sempre foi assim... Há quatro anos eram apenas cerca de 130. Mas hoje, bem longe de casa, tenho aprendido que a vida não espera você se tornar adulto pra te ensinar a agir como um.

É que quando se está longe numa situação como a minha, teoricamente não há ninguém por você por perto. Literalmente. Não é que você não tenha amigos ou esteja isolado da sociedade. É que agora quem faz sua vida é você. É você quem terá que cuidar de crescer, para aparecer.

Quando moramos com os pais, a mãe prepara o café todos os dias, faz o almoço e pergunta o que você quer comer na janta. O pai, por sua vez, te dá uns troquinhos de vez em quando, depois de você muito insistir que precisa de, pelo menos, 5 reais pra poder tomar sorvete com os amigos.

Óbvio que essa esta seja uma situação hipotética em sua história de vida. Talvez você nunca tenha tido a felicidade de ter que esperar a semana que vêm chegar pra poder usar aquela blusa branca que tanto gosta. Afinal, sua mãe lavou ontem todas as roupas claras que estavam sujas e só na próxima semana lavará peças com esse tom novamente.

O mais incrível(?) é que quando a adolescência chega e, mais tarde, quando a vida universitária se torna realidade pra gente, a coisa com que a maioria de nós passa a sonhar é sair de casa! É morar sozinho, ter um cantinho só pra gente, ser INDEPENDENTE.

Mas, ah... Mal sabemos nós o que nos espera! Se todo jovem sonhador soubesse como dói ficar longe daqueles que amamos. E não me refiro a paixonites, não. Essas coisas, pequenas, passam. Falo de amor de verdade, amor de pai e mãe, de saudade da sua terra, dos amigos, daqueles que sempre estiveram com você, que te viram crescer, te ajudaram quando você mais precisou.

Estar longe dessas pessoas, que te amam independentemente do seu sucesso ou fracasso, do seu entusiasmo ou fraqueza, que te amam independentemente da distância; é muito mais difícil do que ter que passar toda uma adolescência morando com os pais.

Ah, se eu pudesse... Se eu pudesse encucar a realidade na mente (já sendo redundante), muitas vezes oca, desses seres que insistem em sair de casa cedo demais! Imputar nessas cabecinhas que essa vida não é tão simples assim...

Tá. Devo deixar claro que aqui que não sou contra a independência financeira ou que não se deve sair de casa nunca, nem depois de adulto. Não é isso. Até porque minha própria atual situação estaria indo contra essas ideias... Só acho que a vida é curta demais pra querermos nos livrar tão cedo das pessoas que mais amamos. Ou que pelo menos deveríamos amar...

Mas se seus sonhos pro futuro incluem sucesso profissional, saiba que será necessário se desafiar e sair da barra da saia da mãe. E, portanto, você provavelmente terá a crise pela qual passo agora. Tem gente que diz que é a crise dos 25, que é quando você se vê formado tendo que decidir se casa ou se muda de cidade por causa de uma proposta de emprego. Devo ser precoce, a crise bateu na minha porta aos 21. Não que eu esteja pra casar, mas diria que os desafios que estão à minha frente são um pouco mais assustadores. Minha opinião, né?

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Rotina de escolher

Fazer escolhas não e fácil. Engraçado.
Não deveria ser assim, afinal, escolhemos centenas de coisas todos os dias. Na maioria das vezes, até de maneira inconsciente. E, por mais que escolhamos agora, dentro de pouco tempo precisaremos tomar outras decisões. A vida é uma rotina de escolher.

Escolher roupas, amigos, lugares, comidas. Optar pelo bom ou mal-humor, cabelo comprido ou curto, preso ou solto, cortar ou deixar como está. É escolher entre o suco ou o leite, o doce ou o salgado, o quente ou o frio, o ônibus ou à pé.

É escolher ficar, ou ir. Continuar, ou começar tudo de novo. A vida é uma rotina de escolher. Escolher caminhos.

Não só ruas ou calçadas, lado direito ou esquerdo da avenida. A vida é uma rotina de escolher, rotina porque dessa sina ninguém escapa. Até quem não quer viver pra não ter que escolher, acaba optando por definhar ou morrer.

Mas não é fácil escolher, como já disse. Não é fácil até quando todos acham que é.
Às vezes parece que o errado é você – que é você quem não sabe decidir. Mas nem sempre o óbvio é o mais fácil. Geralmente a escolha certa é a mais difícil de ser tomada. E isso não é conspiração, é uma questão de visão. Se pra mim essa não é a escolha ideal, talvez, pra você, ela seja a determinante, a certeira. Questão de individual.

Mas nem importa mais se já passei da fase de ter meus vestidos, sapatos e penteados escolhidos pela minha mãe. Se já não há mais tempo pra decidir entre fazer a tarefa da escola ou ver TV antes que os pais cheguem. Não me interessa se determinar Ursinhos Carinhosos ou Power Rangers como melhor desenho animado já não é mais minha prioridade de vida.

O fato é que a gente cresce, e já não há mais pra onde correr. De tudo isso, sobra a vontade de não ter quer decidir pra sempre.

Ao invés disso, queria poder escolher tudo, e não definir nada. Poder escolher e não me arrepender, decidir e voltar atrás, mudar de ideia e não prejudicar. Que bom seria se nossas escolhas fossem tão simples como optar sorrir, quando isso é tudo o que o coração deseja.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Vá até o fim

Um dia desses quando eu estava na minha cama, vivendo aquele momento que antecede o “dormindo profundamente”, comecei a pensar no quanto sou fraca. Falo de fraqueza no sentido de desistir facilmente, de não persistir na busca pela realização dos desafios que estabeleço para mim. Decidi, então, escrever sobre isso. E, no dia seguinte, fui procurar saber a diferença exata entre persistência e perseverança.

Abri o dicionário e lá estava escrito:
Persistência: perseverança, constância, teimosia.
Perseverança: persistência, constância, firmeza.

Preciso te dizer que, a partir desse dia, não tratei persistência e perseverança como palavras sinônimas. Tudo por culpa da teimosia, essa palavrinha que aparece na explicação do que é persistência.

Eu fui muito levada quando criança. E era teimosa. Se você tem filhos deve saber o que estou falando. Criança teimosa é quase que nem um jumento empacado - que nem falam no nordeste - não sai do lugar. Não muda de ideia. Minha mãe diz que “puxei” essa característica do meu pai, o maior cabeça-dura lá de casa. O fato é que a teimosia, um tipo de insistência muitas vezes irritante, me fez ver que persistência e perseverança não são a mesma coisa.

Fico, então, com a perseverança, que parece ser um misto de persistência e esperança, e que defino aqui como uma qualidade rara e distorcida hoje em dia. Explicarei.

É rara porque costumamos desistir com incrível facilidade. Imagine que você passou a semana inteira sonhando em tomar um milk-shake. Aí, finalmente, o sábado chega se mostrando um dia extraordinariamente lindo. Você recebeu o salário na sexta-feira, está de bom humor e os vizinhos chatos que sempre fazem visitas inoportunas viajaram. Parece que tudo conspira em favor do suculento milk-shake.

Já está decidido. Depois de passar o dia curtindo sua casa, às 19 horas você será o primeiro na fila do milk-shake da lanchonete da esquina de cima da sua casa. Vai pedir um sabor chocolate. Assim, você mata duas vontades de uma só vez: a de tomar um milk-shake bem gelado e a de sentir o gosto, quase esquecido, de chocolate. O trabalho anda exigindo tanto de você que nem aquelas escapadas estratégicas em horário de expediente pra comer uns pedacinhos de Suflair são possíveis mais.

São 18 horas. Você decide tomar um banho antes de ir à lanchonete para dar alegria ao seu estômago. Passa pela janela e dá uma conferida no movimento do lado de fora. Mas, para sua surpresa, está chovendo!

Ah, não! Chuva? Agora? Ah... Mas às vezes é só uma garoazinha fina... Então, olha de novo pela
vidraça. A chuva aumenta! E o vento assobia pra você que também está frio. Pronto. Adeus ao milk-shake, à lanchonete e ao estômago feliz.

Você desiste de sair de casa por causa da chuva. Afinal, é noite de sábado e você não quer se molhar depois de dar uns passos apressados, embaixo de um guarda-chuva, até a lanchonete. Então a decisão é essa mesmo: “não vou mais. Desisto”. Sábado que vem você vai, né? Dá pra esperar mais uma semana.

Será?

Se você desiste de um mísero milk-shake por causa de uma chuvinha, será que não anda desistindo de coisas bem mais importantes também?

Enfim, como eu disse, além de rara a perseverança está distorcida também. Muitas vezes insistimos em algo por motivos pequenos. Perseveramos por um milk-shake de chocolate sim, mas não pelo sonho de se graduar naquele curso que realmente gostaríamos. Ou, talvez, você tenha deixado de lado aquele plano de começar a fazer exercício físico. Até porque o projeto foi feito nas vésperas do réveillon de 2010 para ser praticado assim que o novo ano começasse. E, agora, já se passaram quatro meses. Acho que nem adianta mais.

Na verdade, eu não sei qual o sonho que você acalentava no coração e, por não perseverar o suficiente, não realizou. Não sei se era grande a ponto de poder interferir no percurso da sua vida, ou pequeno, como o simples desejo de tomar milk-shake no sábado passado.

A boa notícia, porém, é que se você está lendo esse texto, é porque a vida não acabou pra você. E, se não acabou, ainda dá tempo de fazer acontecer aqueles planos.

Eu também já planejei muito e não coloquei em prática também, mas esqueço que ainda posso tornar realidade meus sonhos. Não posso dar espaço para minha fraqueza, aquela tendência infeliz de desistir daquilo que eu quero. Até porque o mundo parece ser não muito simpático com pessoas fracas.

É óbvio que não é fácil ser perseverante. Se fosse fácil eu não tinha dado tantos cabelos brancos à minha mãe. A perseverança dela em me educar custou anos de paciência. Na verdade, é aqui onde quero chegar. A paciência é a chave de tudo isso, é o segredo da perseverança. É como escalar uma montanha, não é possível chegar ao cume dando um passo só. Para subir um morro é preciso, também, paciência.

A paciência dá força à perseverança. Eu, pelo menos, não conheço pessoas que são perseverantes e impacientes. Já pessoas pacientes que perseveram, são encontrados com demasiada facilidade.
Para finalizar, quero dar uma perola de presente para você, uma pequena porção de conhecimento: uma citação de um escritor irlandês que viveu quase 100 anos.

“As pessoas estão sempre culpando as circunstâncias pelo que elas são. Não acredito em circunstâncias. Vence neste mundo quem sai à procura das circunstâncias de que precisa e, quando não as encontra, as cria.” George Bernard Shaw

Não sei por que Bernard Shaw escreveu essa frase, mas sei que ele estava realmente inspirado quando a criou. Pense nessas palavras. Não se passe por vítima porque a vida não realizou seus sonhos. Ela não pode fazer por você aquilo que VOCÊ deve fazer por si mesmo.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Preciso falar...

Preciso falar que eu adoro quando você diz: “nós já conversamos sobre isso.”

Adoro quando você me dá um sorriso semicerrado, com os olhinhos pequenos, quase que fechados ao me olhar...

Adoro quando você me pega pela mão e me puxa para que meu abraço encontre o seu.

Adoro quando me olha de canto-de-olho parecendo meio que tímido, meio que querendo me confessar algo.

Adoro quando você briga comigo porque te chamei pelo nome ao invés da forma carinhosa pela qual você se acostumou a me ouvir.

Adoro quando você aperta minhas bochechas, quando você pisca pra mim, quando você sussurra:

"Oi."

Adoro pensar que você pensa em mim e me quer pertinho, mesmo eu sabendo que tudo isso pode ser puro fruto do meu iludido coração...

Adoro seu abraço, seu cheiro, seu jeito acanhado, mas decidido.
Não gosto quando não é decidido. Nem quando fica indiferente comigo por causa de alguma brincadeira infeliz que fiz.

Na verdade, não gosto quando você não consegue diferenciar momentos em que estou brincando de momentos quando falo sério. Me dói tanto te ver distante de mim, quase a me ignorar. Não faço por mal, só faço porque não sei guardar minhas emoções dentro de mim.

Me perdoe se minhas atitudes te fazem sofrer, porque isso eu não adoro fazer.

Adoro, sim, te fazer bem, te dar alegria.

Porque adoro seu jeito de falar, sempre tão certinho, tão correto, tão profundo e fiel. Fiel às palavras como eu tento sempre ser.

E, por mais que me incomode, adoro seus pequenos beliscões que me fazem sentir cócegas.

Adoro admirar você. Seu jeito inteligente e responsável, compenetrado, raro.

Adoro saber que você é único, como todos somos, sim, claro, mas você é um único diferente.
É alguém que merece ter da vida tudo de bom que ela pode dar. Alguém que merece receber de Deus as mais preciosas bênçãos.

E é para que você as receba que tenho orado todas as noites.

Ah... Pra mim, na minha mente, alguém que já tanto sofreu tem direito de sentir felicidade plena, de ser amado, de ser querido. Eu sei.

Só sei que adoro te ver sorrir. Muito mesmo. Adoro te fazer sorrir.

É. Acho que adoraria fazer isso por um longo, longo tempo. Fazer você feliz.


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P.S: Não uso aqui variações da palavra adorar com o objetivo de idolatrar. Uso esse verbo somente porque seu significado é o espaço que separa o carinho que é gostar e a profundidade que é amar.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Eu, tempo, logo existo

Quem passa de vez em quando aqui no blog sabe que eu gosto muito de escrever sobre temas pelos quais, frequentemente, esbarramos durante a vida.

Hoje senti vontade de falar sobre o tempo.

Anda muito fresco na minha mente o pensamento de que somos frutos daquilo que o tempo fez, faz de nós.

E o que é o tempo?

Pra mim, é a soma do passado e do presente gerando resultados que levaremos conosco por toda a vida.

A questão é que nós, jovens, custamos em entender que o tempo também passa pra nós. E que o que fazemos hoje, as escolhas que tomamos, as ações que praticamos hoje, gerarão conseqüências que certamente colheremos mais cedo ou mais tarde.

Vivemos em função do tempo. É ele quem rege a vida.

Não quero dar a entender aqui que o tempo é uma força sobrenatural que faz o ciclo da vida girar. Não mesmo!

Até porque, acima do tempo, está Deus: Soberano e supremo acima de todas as leis da natureza e do conhecimento humano.

Mas, aqui na Terra, na vida medíocre que vivemos, é o tempo quem joga na nossa cara que não somos nada além de ignorantes e pequenos. Com doutorado ou sem. Somos ilhas de limitação e preconceito. E seremos assim até a morte.

Mas, enquanto essa não vem, o que mais fazemos é viver sobre o abrigo do tempo, que nos salva e nos faz padecer. Assim mesmo, ao mesmo tempo. No trabalho, nos estudos, no convívio social e familiar: O tempo dita regras.

No meu caso, deadlines, prazos e datas-limite são apenas termos sinônimos que cauterizaram minha mente. Hoje, não me desespero mais quando vejo que o tempo passou.

Entretanto, isso, infelizmente, não impede que eu lamente. Lamente por tudo de ruim que eu poderia ter evitado e que não o fiz, fazendo com que o tempo me presenteasse lágrimas.

Não impede que lamente o fato de o tempo não voltar, que ele é implacável e que, por isso, carregarei tristezas e arrependimentos por longos anos.

Porém, foi o tempo que me mostrou que eu melhorei. Que, independente das culpas, eu busco aproveitar o tempo que me foi dado. E o que ainda é.

Foi o tempo quem me mostrou que ele pode ser o conforto e a segurança que a maturidade oferece. Só através dele eu posso olhar pra traz e me orgulhar do que passou. E ainda dizer: valeu a pena!

E eu quero fazer valer a pena. Cada dia que me é dado de presente. Quero pensar que as tristezas do passado só fizeram o que eu sou hoje e eu preciso ver que hoje sou melhor que ontem.

É você hoje melhor que ontem?

Quero pensar que as idéias insensatas de ontem, foram, de certa forma, benéficas pra mim. Porque hoje eu as vejo como devaneios. Enxerguei meu erro.

Quero pensar que o tempo me fez mais bela, por dentro e por fora.

Quero acreditar que, apesar de o tempo também ter me feito regredir em alguns dos meus hábitos e opiniões, eu ainda posso moldar costumes e evoluir.

Quero pensar. Penso. Penso que o tempo me deu de presente a certeza de que nasci pras palavras e que elas me completam.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Carta àquele que não é si próprio

Hoje eu estava dando uma olhada em alguns arquivos do meu computador e encontrei o texto abaixo.
Na verdade, o escrevi em 2008, ano em que vivi uma fase bem complicada emocionalmente falando.

Resolvi escrever, num desabafo - tom que quase todos os meus textos possuem - uma crítica à passividade com que alguém que eu amei muito encarava a vida. E acho que ainda encara.

Enfim, apesar de ser uma "carta" dedicada à uma pessoa em especial, essas linhas podem valer para outras pessoas. Inclusive agora, ao de ler esse texto depois de quase 2 anos, percebi que tenho alimentado muitas das atitudes que critico no texto. Talvez seja a hora de reavaliar alguns dos hábitos da minha vida.


Carta àquele que não é si próprio


Você é uma mentira, uma farsa.
As coisas que você diz não são as que você faz.
As coisas que você demonstra gostar, você nem gosta tanto assim.

Já parou pra pensar nisso?

Esses ares de pessoa que aproveita a vida, essa ‘pinta’ de sociável não é você!
Eu sei que não!
Você parece tão simpático, tão doce, tão aprazível.
Tudo ludibriação, tudo conversa, tudo mentira!

Inclusive, se eu pudesse atribuir mais um sinônimo à palavra ‘mentira’, o sinônimo seria seu nome.
Eu sei que embaixo da máscara que cobre seu rosto existe alguém que quer atenção, quer amigos, quer ser amado e admirado. Mas também sei que até hoje não conseguiu nada disso de alguém. Ok, ok... Conseguiu. Mas não foi o suficiente, não foi pra vida toda. Nem pra boa parte dela.

Por isso, você é uma farsa.

Porque você não tenta se doar um pouco antes de querer ter suas necessidades satisfeitas?
Você vive num mundo que não é seu, com sonhos que não são seus, numa vida que não é sua. Vive uma vida que VOCÊ acha que os outros vão gostar, preocupando-se com o que elas acham, com o que elas vão pensar se você fizer assim ou assado.

E você é assim, mesmo jurando que não.

Teus valores estão enferrujados, seu amor está empedrado.
Empedrado nesse seu coração que pode ser de tudo, menos de carne.
Aí vem você falando que todos se aproximam de ti por interesse, te dando uma sensação de que todos querem te “passar a perna” e te derrubar.

Mas o mundo não quer te derrubar, querido! Ele todo nem te conhece pra querer isso. O que todos os serem humanos iriam querer com alguém que nem tem amor-próprio?

Não ache que as pessoas conspiram contra você. Ei! Ninguém quer roubar sua felicidade!
Pra ela acontecer, SÓ DEPENDE DE VOCÊ!
Descubra que o mundo, na verdade, não é composto só por seu umbigo. Ele é feito por cada um que está perto de você, por cada pessoa que pode te querer bem, por cada um que pode te ensinar algo e te fazer alguém melhor. A Terra é vastíssima, querido. É cheia de cores, de sensações, lições, de VIDA!

Viva a vida! Não se permita morrer aos 20 anos, 40, 70, 100. Não aceite a solidão, não aceite a mesmice, não tolere a enxurrada de idéias, conceitos e “achismos” alheios que só querem te fazer de fantoche.

Acorde!

Se é que você entende minha profundidade ao escrever-te esse texto...